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alguém que ronca:




m estudo científico divulgado em maio de 2012 por cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, revela que pessoas que roncam muito e sofrem de graves distúrbios respiratórios durante o sono têm uma probabilidade quase cinco vezes maior de ter câncer. 

O estudo fez ajustes para levar em conta outros fatores como idade, sexo, índice de massa corporal e fumo, que poderiam influenciar o resultado e foi publicado na American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, revista internacional de maior fator de impacto em medicina respiratória do mundo.

Não se trata de sensacionalismo. Os cientistas acreditam que a correlação pode ser explicada pelo suprimento inadequado de oxigênio durante a noite nos pacientes com o problema. Antes, testes já feitos em camundongos já haviam mostrado que a interrupção intermitente da respiração, que ocorre durante as apnéias do sono, leva a um crescimento mais acelerado de tumores. A explicação é que a falta de oxigênio estimula o crescimento de vasos sanguíneos que nutrem esses tumores. 

"Além disso, o estado de baixa oxigenação em intervalos frequentes durante todas as noites, provavelmente leva à formação de radicais livres e outras substâncias nocivas para o corpo que poderiam induzir à mutações nas células favorecendo o risco de surgimento de câncer", explica o Dr. Marcelo Andrade, pneumologista pela USP e especialista em medicina do sono pela Associação Brasileira do Sono.

Em outros estudos já realizados nas diferentes regiões do mundo, o ronco tem sido associado a um risco aumentado de hipertensão, doença cardíaca isquêmica e acidente vascular encefálico. Os mecanismos são desconhecidos, mas provavelmente mediados pela apneia obstrutiva do sono.

Os pesquisadores norte-americanos analisaram dados de mais de 1,5 mil pacientes que participaram de um estudo sobre Distúrbios Respiratórios Obstrutivos do Sono (DROS) ao longo de 22 anos. A forma mais comum de DROS é a apneia obstrutiva do sono, na qual a respiração é bloqueada, fazendo com que a pessoa fique sem ar. Esse quadro provoca ronco e interrupções do sono levando à quedas repetidas da oxigenação sanguínea. Os participantes passaram por testes a cada quatro anos que incluíram análises de sono e respiração. 

Os resultados mostraram que, enquanto pacientes com uma forma leve de DROS tinham apenas 0,1 vez mais chance de morrer de câncer que aqueles que não sofriam com o problema, nos pacientes com uma forma moderada de DROS a chance de morte por câncer dobrava. A probabilidade aumentava drasticamente de acordo com a gravidade do distúrbio e, naqueles com distúrbios graves de respiração, o risco aumentava 4,8 vezes. 

"A consistência dos indícios dos experimentos anteriores com animais e deste novo estudo epidemiológico em humanos é muito convincente”, disse o líder da pesquisa, Javier Nieto, da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin. 

“Se a relação entre os DROS e mortalidade por câncer for confirmada em outros estudos, o diagnóstico e tratamento de DROS poderá ajudar a previnir o cancer nas pessoas sadias, além de aumentar as chances de cura ou tempo de vida nos já portadores de câncer”, explica.

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