O que é DPOC?
A doença pulmonar obstrutiva crônica, ou simplesmente DPOC, é termo usado para um grupo de doenças pulmonares caracterizado por obstrução crônica das vias aéreas dentro dos pulmões. Duas doenças se destacam nesse grupo por serem responsáveis por quase todos os casos de DPOC na prática médica:
- Bronquite crônica
- Enfisema pulmonar
Cerca de 10% da população adulta brasileira é portadora da DPOC.
A DPOC é tipicamente uma doença progressiva causada por uma resposta inflamatória anormal dos tecidos pulmonares à exposição crônica a partículas ou gases nocivos, como o fumo, por exemplo. Essa inflamação crônica leva à destruição do tecido pulmonar e perda da elasticidade dos bronquíolos e alvéolos, que acabam por colapsar durante a fase expiratória do ciclo respiratório. A destruição dos bronquíolos e alvéolos também é responsável pela perda de capacidade do pulmão em realizar as trocas gasosas, fazendo com que o paciente não consiga aproveitar o oxigênio respirado, nem expelir adequadamente o gás carbônico (CO2) produzido.
Quais as causas da DPOC?
O tabagismo é a principal causa, sendo responsável por 90% dos casos de DPOC. Cerca de 20% dos fumantes desenvolvem DPOC. Outras causas mais raras de DPOC incluem doenças genéticas como deficiência de alfa-1-antitripsina, exposição crônica a poeira tóxica como nos casos de mineração de carvão, fumaça de soldagem ou fumaça de fogo.
Quais os sintomas da DPOC?
A doença geralmente começa a se manifestar após os 40 anos de idade e após um longo histórico de fumo. O primeiro sintoma perceptível costuma ser tosse matinal com expectoração. Porém, um sinal que costuma passar despercebido pelo paciente e seus familiares é o sedentarismo progressivo. Devido ao cansaço e a falta de ar que os esforços começam a produzir, o paciente vai progressivamente limitando suas atividades diárias, até o ponto em que, depois de alguns anos, a doença está tão avançada que mesmo em repouso sente-se cansado e com falta de ar. Como o DPOC acomete pessoas mais velhas, o cansaço e a falta de ar aos esforços são normalmente atribuídos ao envelhecimento e ao cigarro, não despertando muita atenção inicialmente.
Conforme a doença progride, a tosse e a expectoração começam a ficar cada vez mais frequentes. A falta de ar tornar-se limitante. A produção de muco e a destruição dos tecidos pulmonares favorecem o aparecimento de infecções, como pneumonia. O broncoespasmo (chiado no peito) começa a ocorrer com frequência.
Dependendo do tipo de DPOC predominante (bronquite crônica ou enfisema), o paciente pode apresentar duas aparências típicas:
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O enfisematoso é magro, com a caixa torácica aumentada, chamada de tórax em barril. Seus pulmões aprisionam o ar de forma excessiva, atrapalhando as trocas gasosas. O doente tem dificuldade para pôr o ar para fora, respirando como se estivesse sempre assoprando.
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O bronquítico crônico costuma ser mais obeso, cianótico (tom arroxeado da pele por falta de oxigenação adequada), com tosse frequente e grande produção de catarro.
Como é feito o diagnóstico da DPOC?
Todo indivíduo tabagista (ativo ou passivo) deve procurar um médico, que através da história clínica, do exame físico e da radiografia de tórax vai suspeitar da doença. É importantte saber que a radiografia de tórax costuma estar normal nos estágios iniciais da DPOC, não sendo um exame suficiente para excluir a existência dessa doença no indivíduo tabagista.
O melhor exame para o diagnóstico da DPOC é a espirometria, também chamada de prova de função pulmonar. Neste exame o paciente respira através de um pequeno tubo enquanto um computador registra vários parâmetros respiratórios que servem para o diagnóstico das doenças pulmonares. Diferente do raio-x de tórax, a espirometria consegue detectar a DPOC em estágios iniciais, mesmo antes do paciente notar sintomas.
Outros exames podem ser solicitados conforme o julgamento do médico tais como tomografia computadorizada do tórax, gasometria arterial, dosagem da proteína alfa-1-ant-tripsina, por exemplo.
Quais os tratamentos possíveis para a DPOC?
A DPOC não tem cura mas tem tratamento. O tratamento visa retardar a progressão da doença e prevenir os períodos de agravamento e complicações.,
A primeira atitude é PARAR DE FUMAR.
Quem ainda não desenvolver a doença pode prevení-la com esta única medida. E naquele paciente que já tem DPOC, o fator individual que mais ajuda a desacelerar a doença é parar de fumar imediatamente.
A terapia medicamentosa visa principalmente aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Broncodilatadores inalatórios como salbuterol, formoterol, ipratrópio e tiotrópio, entre outros, ajudam a diminuir a obstrução dos brônquios temporariamente, facilitando o fluxo de ar dentro das vias respiratórias.
Durante períodos de exacerbação da doença, como há grande inflamação das vias aéreas, o uso de corticóides por via oral ou venosa durante alguns dias é importante para ajudar na reversão da crise. Fora das crises os corticóides só estão indicados naqueles casos com pouca resposta aos broncodilatadores, e mesmo assim, são administrados apenas por via inalatória.
Quando as exacerbações são causadas por infecções, o uso de antibióticos é imprescindível. A vacinação contra gripe e contra o pneumococo (bactéria que mais causa pneumonia) são importantes para diminuir a incidência de complicações respiratórias.
Exercícios de reabilitação pulmonar são importantes por melhorarem a qualidade de vida e reduzirem o número de internações hospitalares.
Nos casos mais avançados, quando o paciente já apresenta hipoxemia (baixa de oxigênio no sangue) persistente, o uso de oxigênio suplementar está indicado. A quantidade e o período em que o paciente deve ficar com oxigênio suplementar é decisão médica, podendo ser indicado apenas ao dormir, durante esforços ou ininterruptamente nos casos mais graves.
Pacientes com DPOC devem evitar viagens de avião sem consentimento médico devido a baixa concentração de oxigênio dentro das cabines. Nestes casos, o uso de oxigênio pode ser necessário mesmo para aqueles que não apresentam hipoxemia relevante ao nível do mar.
Quando as bolhas de ar tornam-se muito grande e passam a comprimir os pulmões, pode-se indicar cirurgia para removê-las.
Casos terminais podem ser tratados com transplante pulmonar, se o paciente apresentar condições clínicas para tal.
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